terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Dissertações: Democratização Cultural e Políticas Públicas

Membros do RAP e alunos de Programas de Pós-Graduação da UFRJ e UERJ, Alexandre Dias da Silva, Aline Deyques Vieira, Thiago Araújo Ansel e Victor Neves de Souza defenderam recentemente suas dissertações. Segue breve descrição de seus trabalhos:

Alexandre Dias da Silva concluíu o Mestrado em Musicologia (Etnografia das Práticas Musicais) pela UFRJ em junho desse ano. Seu trabalho "A Maré no Ritmo das ONGs: uma análise sobre o papel das oficinas musicais das Organizações Não-Governamentais do bairro Maré no Rio de Janeiro" foi orientado pelo Prof. Dr. Samuel Araújo Jr. e participaram da banca examinadora a Profa. Dra. Sara Cohen e o Prof. Dr. Edilberto José de Macedo Fonseca.

RESUMO: A Maré no Ritmo das ONGs: uma análise sobre o papel das oficinas musicais das Organizações Não-Governamentais do bairro Maré no Rio de Janeiro
"Nos dias atuais, diversas comunidades formadas por populações com baixo poder aquisitivo são 'alvo' de programas e iniciativas que buscam amenizar os males gerados pela desigualdade social no Brasil. Essas ações possuem quase sempre o objetivo de formar cidadania através de propostas variadas, e, dentre elas, merecem destaque as escolhas relacionadas à arte, e à música em particular. Na presente pesquisa, busco entender os processos e projetos que proporcionam, e em certos momentos priorizam, ações sociais através de oficinas de música em espaços favelizados, geralmente no âmbito das Organizações Não -Governamentais. Para tanto, estabeleço como estudo de caso a atuação de duas ONGs no conjunto de favelas da Maré no Rio de Janeiro e as oficinas musicais dessas instituições, cujo objetivo, expresso em suas justificativas oficiais, visa proporcionar aos sujeitos desses espaços ações para a cidadania. Considero central nessa pesquisa, os aspetos relacionados à dinâmica das oficinas a partir das negociações e conflitos entre as expectativas dos oficineiros, das ONGs e dos alunos, além da minha condição de observador participante, nativo, morador da Maré e aluno de uma dessas oficinas".

Aline Deyques Vieira concluíu o Mestrado em Letras (Teoria da Literatura e Literatura Comparada) pela UERJ em março de 2011. Seu trabalho "O clarim dos marginalizados - a literatura marginal/periférica na literatura brasileira contemporânea" foi orientado pela Profa. Dra. Maria Aparecida Ferreira de Andrade Salgueiro e participaram da banca examinadora o Prof. Dr. Victor Hugo Adler Pereira e o Prof. Dr. José Luis Giovanoni Fornos.

RESUMO: O clarim dos marginalizados - a literatura marginal/periférica na literatura brasileira contemporânea
"O objetivo principal da dissertação foi problematizar a questão da literatura marginal/periférica e apresentá-la no âmbito da literatura e das culturas. Para a construção do trabalho foram utilizados teóricos que trabalham conceitos de cultura não cristalizados, tais como Cultura Popular, Cultura de Elite e Cultura de Massa, tendo em vista uma concepção de mercado e de socialização da arte. Ao mesmo tempo, a fim de inserir este novo movimento literário no âmbito das artes e das instituições, foram feitas entrevistas e utilizadas obras literárias de três autores (Ferréz, Alessandro Buso e Allan de Rosa) e de uma autora (Elizandra Souza que atuam na cena literária marginal/periférica. Para sua concretização, o estudo toma como referências as indagações e as recepções diante das culturas e da indústria cultural, ao traçar um panorama de como este movimento vem atuando na Literatura Brasileira Contemporânea".

Thiago Araújo Ansel concluíu o Mestrado em Comunicação pela UFRJ, também em 2011. Seu trabalho "Novos Mediadores, Representações da Favela e Produção Cotidiana da Identidade do Favelado" foi orientado pela Profa. Dra. Liv Sovik e participaram da banca examinadora a Profa. Dra. Ivana Bentes e o Prof. Dr. Júlio Tavares.

RESUMO: Novos Mediadores, Representações da Favela e Produção Cotidiana da Identidade do 'Favelado'
"Esta dissertação busca responder a perguntas como: o que significa ser favelado hoje? Que vantagens e desvantagens políticas esta identidade passa a ter com as recentes transformações nos cenários político e midiático? Através de textos midiáticos se investiga como determinados movimentos de jovens de periferias e favelas, como a Central Única de Favelas (Cufa), constroem novas possibilidades para o que significa ser favelado, sobretudo, no diálogo com a grande mídia. Como exemplo de tais estratégias toma-se a exibição, em 19 de março de 2006, do documentário Falcão: meninos do tráfico, realizado pela Cufa, no programa Fantástico da Rede Globo de televisão, e os  debates sobre representação da favela que o episódio suscitou na mídia e entre acadêmicos. Além dos diferentes discursos em torno de Falcão, são ainda analisadas outras práticas discursivas comuns a certos grupos de jovens favelados como a Cufa - chamados aqui genericamente de novos mediadores. 'O que é ser favelado?' será a indagação dirigida também a pessoas comuns, moradoras de uma área favelizada da Zona Norte do Rio de Janeiro, o Complexo da Cidade Alta, por meio de trabalho de campo realizado no local. O objetivo é com isto mapear os diferentes discursos identitários, sejam os dos referidos movimentos de jovens de favela, com destaque para os da Cufa; os da mídia; os de parte da intelectualidade; e os de moradores de uma favela; procurando assim evidenciar a rede discursiva complexa e descontínua que vem sustentar os significados de ser favelado hoje".


Victor Neves de Souza concluíu o Mestrado em Serviço Social pela UFRJ em 2010. Seu trabalho "'Novo desenvolvimentismo' brasileiro e democratização da cultura: o caso do Programa Cultura Viva" foi orientado pelo Prof. Dr. João Paulo Netto e participaram da banca examinadora o Prof. Dr. Carlos Nelson Coutinho e o Prof. Dr. Samuel Araújo Jr.

RESUMO: "Novo desenvolvimentismo" brasileiro e democratização da cultura: o caso do Programa Cultura Viva
"A presente dissertação procurou extrair do materialismo histórico um conjunto de categorias capazes de dar conta do enquadramento adequado da política cultural como política de Estado. Para isso foi necessário buscar apreender, de uma parte, as especificidades da cultura pensada como conhecimento, em geral, e criação estética, em particular, e, de outra, da inserção da cultura no quadro das relações Estado/sociedade, de forma a poder pensar o complexo de problemas relacionados às políticas culturais no marco das políticas públicas. enfocamos alguns dos desdobramentos, no Brasil, da crescente visibilidade da bandeira da democratização da cultura como meio para a 'inclusão social'. Prospectamos o impacto desta tendência no financiamento às políticas culturais nos dois mandatos do atual governo, e estabelecemos sua relação com o modelo liberal periférico ou 'novo desenvolvimentista' em implementação no país, indicando mudanças e persistências em relação ao padrão anteriormente adotada na área".